Quando
eu tinha 7 anos e alguém me perguntava o que eu queria ser quando eu crescesse,
automaticamente eu respondia “modelo, atriz ou cantora”. Acho que esse era o
sonho de quase toda menina da minha idade.
Desde
aí os sonhos não pararam. Durante todos esses anos surgiram novos desejos,
novas ideias para qual seria finalmente a minha profissão. Meu tio (tio Nal),
sempre que me ouve começar uma conversa com a frase “eu já sei o que eu vou fazer” já começa a dizer: “Mas, Jéssyca, pra
quê mais um diploma? Tu já és Farmacêutica, Biomédica, Veterinária, Delegada da
Polícia Federal, ...” e nisso ele cita quase tudo o que eu já quis ser. Haha
Hoje,
tenho 22 anos. Terminei o Ensino Médio com 16. Comecei minha primeira graduação
com 19 pra 20 porque, depois de umas frustrações, resolvi ficar um tempo
trabalhando. Entrei no curso achando que era uma coisa, cheguei lá e vi que era
outra. Acabei deixando pelo meio do caminho. E, por mais que pareça o
contrário, largar a faculdade não foi nada fácil. Foi uma das decisões mais
difíceis que eu já tomei.
Acho
que, hoje em dia, o maior orgulho de um pai é dizer a formação do filho (ou
pelo menos poder falar que ele estuda algo). Então, indiretamente há uma
cobrança. Os pais passam a vida inteira batalhando pelos filhos. Crescer na
vida é o mínimo que você pode fazer por eles. Além disso, também há uma pressão
da sociedade e, consequentemente, do mercado de trabalho. A cada dia que passa,
ter uma profissão fica ainda mais exigida e é muito difícil conseguir algo bom
sem ter uma graduação (a não ser que você tenha dado sorte + esforço +
criatividade em criar/ter seu próprio negócio). Mas meus pais não são donos de
uma empresa. Trabalharam durante muito tempo e, por coisas da vida, não tiveram
a mesma oportunidade de cursar em uma Universidade. E quando nos mudamos pra
Santarém, minha mãe parou de trabalhar e aí as coisas apertaram um pouco. Então,
desde nova eu sempre tentei dar um jeito de ajudar o mínimo que fosse. Eu tendo
o meu próprio dinheiro, não precisaria pedir dos meus pais pra comprar o que eu
queria e essa seria a minha forma de ajudar em casa. Assim, inventei meus
trampos. Levei filho de vizinho pra aula, fui manicure, professora de reforço
de matemática, atendente em cyber e até completar 16 anos e chegar num emprego
fixo, essas e outras foram as formas de eu conseguir minha renda.
Durante
todo esse tempo tive muito aprendizado. Lembro que um dos dias que eu mais
senti orgulho de mim foi quando consegui comprar o meu material escolar sem a
ajuda do papai. Isso foi na 8ª série, se não me engano. E eu ainda consigo
sentir o quanto foi gratificante a sensação, não só pela independência, mas
também por me sentir útil em, da minha forma, ter ajudado.
Hoje,
as coisas são mais diferentes e tudo se tornou mais difícil. O que aconteceu?
Eu cresci. Agora já sou adulta e possuo as responsabilidades de gente grande.
E, nessas últimas semanas, o que mais tem me perturbado é sobre qual rumo vou dar
pra minha vida.
Como
vocês já sabem, me mudei para Manaus recentemente. Deixei de lado minha
faculdade que, por mais que não fosse o curso dos sonhos, era algo totalmente
estável para poder começar tudo de novo. E “novo”, ao mesmo tempo em que
fascina, amedronta. São milhões de “E se...?” que martelam na nossa cabeça e
qualquer opinião nos afeta, devido à vulnerabilidade do momento.
Pensei
que já tava resolvida quanto ao que cursar. Desde que descobri que queria
Educação Física, não pensei em fazer outra coisa, até vir pra cá e ver vááárias
mulheres com a farda do Exército, o que me fez ressuscitar um sonho que já
havia desistido: o de ser militar.
Sou
neta de sargento e grande parte da minha vida eu passei ouvindo as histórias
que o meu avô Tonho me contava sobre a carreira dele na ativa. Como sempre, a
aventura me encantava e eu ficava maravilhada e imaginando como seria eu mesma passando
por essa experiência. Daí surgiu a vontade. Cheguei a pesquisar algumas coisas,
mas depois acabei desistindo. Mas, ultimamente, isso tem parecido estar o mais
próximo possível de se tornar realidade e assim me faz pensar em adiar a
Educação Física por um tempo e entrar em algo que seja mais solicitado no
Exército.
São
dois sonhos. Duas vontades que seguem caminhos totalmente opostos e por isso o
meu medo. Como falei, o novo fascina, mas também amedronta. E se eu não gostar?
E se eu não tiver tomado a decisão certa? E se eu me arrepender? E se eu não
conseguir ser a filha que o pai se orgulha? Eu não tenho mais 7, muito menos 16
anos. Eu não tenho mais tempo para errar. Já arrisquei em ter vindo, então eu
preciso acertar! E aí fico nesse conflito interno e eterno.
Sinceramente,
daqui um ano espero poder escrever narrando o quanto tô feliz com a decisão que
eu tomei, seja ela a de ser professora de Educação Física, Militar ou até
Comissária de Bordo (uma outra vontade, mas eu explico outro dia, rs). Eu só
quero realmente ter chegado a uma conclusão e me sentir realizada com ela.
Enfim,
por hoje é só. Beijo, Jejé :)
- sou dores, sou flores.
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