Quando te vi, depois de tanto
tempo, consegui manter a naturalidade, o que até foi uma surpresa pra mim.
Conversei e em nenhum momento pensei na gente como um passado, mas talvez como
um novo presente. Fiz piada, fiz várias piadas, na verdade, e percebi que esse
se tornou o meu escudo para afastar qualquer aproximação que me colocasse em
uma área de risco. Aquela área em que fico com o sorriso bobo, em que te encaro
e imagino que nossos filhos terão os seus olhos ou que meu vestido ficaria
lindo e que você se emocionaria ao me ver vestida de noiva, etc, etc, etc.
E assim ficamos. O filme começou
e nos juntamos para assistir. Numa das suas brincadeiras sobre o filme ser
ruim, decidi trocar e, ao me levantar, você me segurou. Era como se o meu corpo
fosse igual a fios desencapados. Entrava em choque só de sentir a sua mão
segurando a minha cintura. E, numa das várias tentativas frustradas, você me
puxou de volta e me apoiou no seu braço. De início, tentei resistir. Não queria
mudar o propósito do convite até porque não queria estragar as coisas entre
nós. Mas, como é de se imaginar, eu não consegui. Como não querer ficar no
lugar onde foi o meu porto seguro? Como não deitar a cabeça naquele ombro que
tanto me apoiou? Então cedi. Primeiro encostei a cabeça, depois meu braço já
contornava teu corpo e meus pés se entrelaçavam com os teus.
O filme acabou e, quando
finalmente me beijou, eu percebi que não estava sendo eletrocutada, como achava
no início ao sentir o teu primeiro toque, mas tive a certeza de que meu coração
explodia em fogos de artifício que se espalhavam por toda a minha pele, não só
por esse beijo, mas por reviver todos os outros milhões de beijos apaixonados
que um dia já havíamos dado.
Ficamos mais um tempo juntos, até você precisar ir. Nos despedimos. Tranquei o portão e virei de costas antes mesmo de você dar a partida no carro, não queria te ver sumindo de mim (odeio despedidas, principalmente quando se trata da sua). Entrei, sentei no sofá. Nossa noite acabou. Voltei pro quarto, deitei na cama e mexi no celular, mas não demorou muito e peguei no sono. Quando acordei, olhei a cama
desarrumada, as almofadas ainda no chão da sala... Aquilo indicava que a noite anterior tinha realmente
acontecido. Não era um sonho, tudo tinha sido verdade. Eu. Você. Nós. E enquanto olhava, me dei conta de que eu não queria arrumar aquele lugar, não parecia certo, era como se eu fosse apagar nossos últimos resquícios. Mas, precisei deixar tudo como estava antes de você reaparecer e voltar para a minha realidade. Afinal a minha vida é assim: ver você chegar e depois partir.
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