4 de agosto de 2014

Depois de tanto tempo...

Quando te vi, depois de tanto tempo, consegui manter a naturalidade, o que até foi uma surpresa pra mim. Conversei e em nenhum momento pensei na gente como um passado, mas talvez como um novo presente. Fiz piada, fiz várias piadas, na verdade, e percebi que esse se tornou o meu escudo para afastar qualquer aproximação que me colocasse em uma área de risco. Aquela área em que fico com o sorriso bobo, em que te encaro e imagino que nossos filhos terão os seus olhos ou que meu vestido ficaria lindo e que você se emocionaria ao me ver vestida de noiva, etc, etc, etc.

E assim ficamos. O filme começou e nos juntamos para assistir. Numa das suas brincadeiras sobre o filme ser ruim, decidi trocar e, ao me levantar, você me segurou. Era como se o meu corpo fosse igual a fios desencapados. Entrava em choque só de sentir a sua mão segurando a minha cintura. E, numa das várias tentativas frustradas, você me puxou de volta e me apoiou no seu braço. De início, tentei resistir. Não queria mudar o propósito do convite até porque não queria estragar as coisas entre nós. Mas, como é de se imaginar, eu não consegui. Como não querer ficar no lugar onde foi o meu porto seguro? Como não deitar a cabeça naquele ombro que tanto me apoiou? Então cedi. Primeiro encostei a cabeça, depois meu braço já contornava teu corpo e meus pés se entrelaçavam com os teus.

O filme acabou e, quando finalmente me beijou, eu percebi que não estava sendo eletrocutada, como achava no início ao sentir o teu primeiro toque, mas tive a certeza de que meu coração explodia em fogos de artifício que se espalhavam por toda a minha pele, não só por esse beijo, mas por reviver todos os outros milhões de beijos apaixonados que um dia já havíamos dado.

Ficamos mais um tempo juntos, até você precisar ir. Nos despedimos. Tranquei o portão  e virei de costas antes mesmo de você dar a partida no carro, não queria te ver sumindo de mim (odeio despedidas, principalmente quando se trata da sua). Entrei, sentei no sofá. Nossa noite acabou. Voltei pro quarto, deitei na cama e mexi no celular, mas não demorou muito e peguei no sono. Quando acordei, olhei a cama desarrumada, as almofadas ainda no chão da sala... Aquilo indicava que a noite anterior tinha realmente acontecido. Não era um sonho, tudo tinha sido verdade. Eu. Você. Nós. E enquanto olhava, me dei conta de que eu não queria arrumar aquele lugar, não parecia certo, era como se eu fosse apagar nossos últimos resquícios. Mas, precisei deixar tudo como estava antes de você reaparecer e voltar para a minha realidade. Afinal a minha vida é assim: ver você chegar e depois partir.

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